"O principal uso do corpo é carregar o cérebro. E o cérebro é o que nos somos".
Samuel Johson, escritor e pensador Inglês.

quarta-feira, 3 de novembro de 2010

Afinal, O que é TDAH?

Desvendar o mundo do TDAH não é tarefa fácil. Todavia, não devemos nos comportar como se estivessemos diante de um cérebro "falho". Devemos olhar por um foco diferenciado.

O Transtorno do Déficit de Atenção é um transtorno neurobiológico, de causas genéticas, que aparece na infância e freqüentemente acompanha o indivíduo por toda a sua vida. Ele se caracteriza por  esses sintomas primários: desatenção, impulsividade e hiperatividade (Nem todos possuem o 'H' da hiperatividade.).

Os sintomas secundários são: tendência a ter um desempenho profissional abaixo do esperado, baixa autoestima, dependência química, depressões frequentes, dificuldade em mater relacionamentos afetivos, demora excessiva para executar ou iniciar algum trabalho, baixa tolerância ao estresse, tendência de apresentar um lado "criança" que aparecerá, por todo vida, na forma de brincadeiras, humor refinado, caprichos, tendência a tropeçar, esbarrar ou cair objetos, (hoje sei porque ganhei o apelido de 'miss simpatia'), tendência a exercer mais de uma atividade a mesmo tempo, e mais algumas coisinhas.

Estudos científicos mostram que portadores de TDAH têm alterações na região frontal e as suas conexões com o resto do cérebro. A região frontal orbital é uma das mais desenvolvidas no ser humano em comparação com outras espécies animais e é responsável pela inibição do comportamento (isto é, controlar ou inibir comportamentos inadequados), pela capacidade de prestar atenção, memória, autocontrole, organização e planejamento.

O que parece estar alterado nesta região cerebral é o funcionamento de um sistema de substâncias químicas chamadas neurotransmissores (principalmente dopamina e noradrenalina), que passam informação entre as células nervosas (neurônios).

O TDAH não é muito diferente das outras pessoas. O que ele tem é um exagero em certas condutas das quais não conseguem controlar. É uma doença de dimensão. E ela deve trazer problemas para a vida do indivíduo portador do transtorno.

O Transtorno de Déficit de Atenção (ou o DDA que quase não se usa) é caracterizado atualmente por 18 sintomas. É muito raro não se deparar com alguém que não possua três ou quatro desses sintomas. Mas o TDAH possue muito desses sintomas. Além disso, o mais curioso é que, na psiquiatria, esse é um dos transtornos que tem a maior influência genética. Então... A culpa é dos seus Pais! Rs!

Brincadeiras a parte, apesar de pesquisas científicas apontarem que 3 a 5% das crianças no mundo tem o diagnóstico de TDAH, há aqueles que acham que é um mito ou que não existe o problema. Isso é muito cruel para quem possue o transtorno pois a falta de informação, além de não ajudá-los, causa o preconceito, prolonga a dor e o sofrimento e adia uma solução. Consequência disso, o número de crianças diagnosticadas corretamente é mínimo. E são poucos médicos expecialistas, que realmente entende do assunto sobre o TDAH no Brasil.

Então pessoal, a primeira forma de intervenção é se conscientizar sobre o transtorno: o que é, quais os sintomas, quais as dificuldades dos portadores, entre outras coisas. E também compreender que é muito diferente o indivíduo portador do TDAH, o que ele não quer e o que ele não consegue.
Fica a dica aí do livro da médica psiquiátra Ana Beatriz Barbosa Silva, "Mentes Inquietas".

Grande Abraço à todos!
Amanda Passos




Bibliografia: sites da ABDA, entrevista com Paulo Mattos fundador da ong, livro Mentes Inquietas de Ana Beatriz B. Silva, video palestra da psicanalista - psicóloga da UFRN - presidente ABDA  Iane Kestelman.

quinta-feira, 28 de outubro de 2010

Oi! Meu nome é Amanda e eu sou TDAH.

Imagina alguém chegar em você e se apresentar assim... Num encontro ou numa entrevista de emprego, por exemplo. Você vai achar estranho, ficar assustado, achando que é uma doença contagiosa, ou no mínimo, que essa pessoa é "lelé". Parece engraçado, mas é muito ruim você ter o transtorno e não saber.

Você passa a vida toda pensando porquê age de certas maneiras, porquê é tão impulsivo, de difícil convivência, não lida bem com regras, porquê não consegue finalizar metas que estabeleceu, as quais escolheu pelo apreço. Sua auto-estima baixa e você se sente o 'patinho feio' no meio da multidão.

Eu não sabia que era TDA e ainda H. Ou seja, além de ter déficit de atenção, eu era hiperativa também. Rs! Agora, aos 20 anos, eu sei porque não parava quieta na sala, porque ficava viajando no que a professora dizia, porque recebia tantas broncas dos meus pais e era tãooo desastrada e impulsiva. Tentei até justificar, quando fui crescendo, para meu conforto pessoal e até para as outras pessoas, que era meu jeito Carpe Diem de levar a vida.

Hoje, estudante do curso de Direito, penso aqui com meus botões: e se eu não tivesse descorberto o meu problema? Provavelmente não faria o curso bem feito, por causa da minha falta de atenção, ansiedade e indisciplina para estudar, ou pior, nem terminaria o curso.

Fiz várias atividades ao longo da vida entre esportes e cursos e a única coisa com que tive disciplina, pontualidade, continuidade e dedicação, que mative por 9 anos (e se me sobrasse mais tempo teria continuado por muito mais), foi a dança. Difícil de entender, né? Descobri que a maioria dos TDAHs, se não todos, é muito boa em uma coisa. Como um dom. O meu é a dança. Por mais que eu goste de muitas outras coisas, como o meu curso, eu sei que só tem uma coisa que realmente faria com imensa excelência.

Criei então esse blog para compartilhar, com pessoas que conheçam ou tenham o Transtorno de Déficit de Atenção ou/e Hiperatividade, informações acerca do assunto, experiências pessoais, conselhos, enfim, como forma de auto-compreensão e para melhor entender o problema.

Agora, só para eu garantir que você entendeu mesmo tudinho que acabou de ler, que nenhum estímulo externo o distraiu, leia novamente o texto, ok?

Próxima post: "Afinal, o que é esse tal de TDA... TDAH"?


Grande abraço a todos!